Foto: Ricardo Stuckert / PR
Durante o segundo dia da COP30, em Belém, 19 países assinaram o “Compromisso de Belém pelos Combustíveis Sustentáveis”, conhecido como “Belém 4x”.
O acordo, anunciado nesta sexta-feira (7), tem como meta quadruplicar o uso global de combustíveis sustentáveis até 2035, em comparação aos níveis de 2024.
A proposta é co-patrocinada por Brasil, Itália e Japão e faz parte da Aliança Global de Biocombustíveis, que busca reduzir emissões de gases de efeito estufa (GEE), fortalecer a segurança energética e impulsionar o desenvolvimento sustentável.
Assinaram o acordo: Armênia, Belarus, Brasil, Canadá, Chile, Guatemala, Guiné, Índia, Itália, Japão, Maldivas, México, Moçambique, Myanmar, Países Baixos, Panamá, Coreia do Norte, Sudão e Zâmbia.
A União Europeia (UE), como previsto inicialmente, ficou de fora do acordo.
O Belém 4x estabelece um conjunto de ações para ampliar o uso de combustíveis sustentáveis de forma ambiental e socialmente responsável.
Entre os principais pontos, estão:
- Quadruplicar o uso global de combustíveis sustentáveis até 2035;
- Adotar políticas nacionais ambiciosas, refletidas nas metas climáticas (NDCs) de cada país;
- Harmonizar regras e padrões internacionais de carbono para garantir transparência;
- Fortalecer o comércio internacional e reduzir barreiras regulatórias;
- Estimular práticas agrícolas sustentáveis na produção de biocombustíveis;
- Ampliar o financiamento e a cooperação técnica entre países emergentes;
- Investir em pesquisa e inovação para reduzir custos e acelerar a adoção de novas tecnologias.
O que muda com o acordo?
Segundo os organizadores da COP30, o amplo apoio internacional demonstra que os combustíveis sustentáveis têm papel estratégico na transição energética global e no combate às mudanças climáticas.
O Brasil, anfitrião da conferência e líder em biocombustíveis, reforçou sua posição de destaque no debate climático ao promover uma agenda colaborativa com foco em energia limpa e segurança alimentar.
UE como aliada estratégica do Brasil
A presença da União Europeia na COP30 é considerada estratégica por diplomatas brasileiros.
Isso porque o bloco europeu tem as regras ambientais mais rígidas do mundo, com limites claros de emissão de poluentes em vários setores entre eles o transporte rodoviário, que deve zerar suas emissões até 2035.
O Brasil é referência mundial na produção de biocombustíveis sustentáveis, como o etanol e o biodiesel. Por isso, a indústria nacional, impulsionada pelo agronegócio, vê na COP30 uma chance histórica de ampliar as exportações desses produtos.
Negociadores brasileiros acreditam que o apoio da UE às metas de energia limpa pode abrir novas oportunidades para o Brasil no mercado global. A parceria é vista como um passo importante para fortalecer a economia verde e reduzir a dependência de combustíveis fósseis.
Apesar do otimismo, países europeus, especialmente a Alemanha, ainda mostram resistência em usar culturas comestíveis, como soja, milho, palma e cana-de-açúcar, na produção de energia.
O principal temor é que a expansão dessa produção cause desmatamento e ameaças à segurança alimentar no mundo.