Postos de combustíveis em Teresina e em outros 10 municípios piauienses foram interditados na manhã desta quarta-feira (5) durante a Operação Carbono Oculto, deflagrada pela Secretaria de Segurança Pública do Piauí (SSP-PI), que investiga a infiltração da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) no setor de combustíveis.
Segundo as informações do portal Cidade Verde, entre os alvos da operação estão empresários, suas esposas e o ex-vereador e ex-secretário municipal de Relações Institucionais de Teresina, Victor Linhares (PP), que tiveram endereços ligados a ele incluídos nas buscas. Os mandados de interdição e de busca e apreensão estão sendo cumpridos em 49 postos, em cidades do Piauí, Maranhão e Tocantins.
Em Teresina, equipes da SSP-PI, com apoio do Instituto de Metrologia do Piauí (IMEPI) e da Delegacia de Crimes contra a Ordem Tributária (DECCOTERC), realizam interdições em pontos estratégicos da Zona Sul e Zona Leste da capital, incluindo os cruzamentos das avenidas Barão de Castelo Branco com Gil Martins e Primeira Avenida Dom Severino.
No Piauí, 31 postos de gasolina foram interditados em 11 cidades. Confira a lista de postos:
Teresina – 16 postos
POSTO HD 06 – Buenos Aires
POSTO HD 14 / POSTO DIAMANTE 14 – Zoobotânico
POSTO HD 05 – Mafrense
POSTO HD 03 – São Raimundo
POSTO HD 13 – Fátima
POSTO HD 09 – Santa Isabel
POSTO HD 01 – Noivos
POSTO HD 10 / POSTO DIAMANTE 10 – Centro
POSTO HD 19 – São Sebastião
POSTO HD 18 – Itararé
POSTO HD 02 – São Raimundo
POSTO HD 04 – Dirceu II
POSTO HD 08 / POSTO DIAMANTE 08 – Cidade Nova
POSTO HD 07 / POSTO DIAMANTE 07 – Santo Antônio
POSTO HD 20 – Angelim
HD PETRÓLEO PREMIUM LTDA – Parque Itararé
Parnaíba – 2 postos
POSTO HD 27 – Av. São Sebastião (Planalto Monteserra)
POSTO HD 34 – Av. Deputado Pinheiro Machado (bairro Piauí)
Altos – 2 postos
POSTO HD 32 – BR-343, Km 302 (zona rural)
POSTO HD 17 / POSTO DIAMANTE 17 – BR-343, Km 314 (Buritizinho)
São João da Fronteira – 1 posto
POSTO HD 33 – BR-222, Km 05, Tucunzal
Demerval Lobão – 1 posto
POSTO HD 12 – Av. Padre Joaquim Nonato, 13, Centro
Lagoa do Piauí – 2 postos
HD TRR – Av. José Soares da Silva, 759
POSTO HD 11 – Av. José Soares da Silva, 659
Miguel Leão – 1 posto
POSTO HD 16 / POSTO DIAMANTE 16 – BR-316, Vila Cruz do Paiva
Oeiras – 1 posto
POSTO HD 15 / POSTO DIAMANTE 15 – Av. Transamazônica, bairro Rodagem de Picos
Picos – 2 postos
POSTO HD 24 / POSTO DIAMANTE 24 – BR-316, Km 303, bairro Altamira
POSTO HD 22 / POSTO DIAMANTE 22 – BR-316, Km 307, bairro Altamira
Uruçuí – 1 posto
POSTO HD 26 – PI-247, Km 23, zona rural
Canto do Buriti – 2 postos
POSTO HD 21 / POSTO DIAMANTE 21 – PI-141, Km 657, zona rural
POSTO HD 29 – PI-141, Km 04, zona rural
A Operação
Foto: SSP-PI
A operação investiga fraudes na comercialização de combustíveis, lavagem de dinheiro e manipulação de bombas, que teriam lesado consumidores ao vender quantidades menores de combustível do que o registrado.
Policiais verificam bombas de combustível, recolhem equipamentos e apresentam mandados aos responsáveis pelos estabelecimentos. O IMEPI investiga possíveis fraudes eletrônicas e adulterações em sistemas de medição, enquanto o Gaeco, o Draco e laboratórios de inteligência financeira apuram o envolvimento de empresários e a conexão do esquema com organizações criminosas nacionais, especialmente uma facção originária de São Paulo.
Até o momento, não houve prisões, mas as autoridades consideram fortes os indícios de envolvimento dos proprietários dos postos no esquema de fraude e lavagem de dinheiro.
Foto: SSP-PI
Entenda a operação Carbono Oculto
Em agosto de 2025, a Polícia Federal cumpriu mandados de busca, apreensão e prisão em oito estados para desarticular um esquema bilionário de fraude no setor de combustíveis comandado pela facção Primeiro Comando da Capital (PCC). Mais de 350 pessoas físicas e jurídicas estavam na mira das autoridades, suspeitas de adulteração de combustíveis, fraudes fiscais, estelionato, lavagem de dinheiro e crimes ambientais. Na época, foram identificados mais de 300 postos com irregularidades, incluindo venda de menos combustível do que o informado e adulteração fora dos padrões da ANP.
A investigação revelou que donos de postos foram ameaçados de morte em negociações de venda, enquanto o dinheiro ilícito circulava por uma rede complexa de empresas de fachada, fundos de investimento e fintech, dificultando o rastreamento. Os recursos também eram usados para adquirir usinas sucroalcooleiras, distribuidoras, transportadoras e outros postos, ampliando a influência do PCC.
Postos do Piauí e de outros nove estados participavam de um esquema de lavagem de dinheiro, recebendo pagamentos em espécie ou via maquininhas de cartão e transferindo os valores para a organização criminosa.
Entre 2020 e 2024, o esquema movimentou cerca de R$ 52 bilhões, com recolhimento de tributos muito abaixo do esperado, e autuações da Receita Federal já somam mais de R$ 891 milhões. Algumas unidades receberam mais de R$ 2 bilhões em notas fiscais sem qualquer movimentação real, simulando transações para ocultar valores ilícitos. Além disso, fintechs controladas pelo PCC atuavam como “bancos paralelos”, movimentando mais de R$ 46 bilhões e criando camadas de ocultação financeira para dificultar a fiscalização.