No primeiro dia do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2025, neste domingo (9), os candidatos terão que responder 90 questões objetivas (dividas entre Linguagens e Ciências Humanas) e uma redação. Em entrevista ao Jornal do Piauí nesta quarta-feira (5), os professores Tibério Secondes, de Gramática, e Thiago Moraes, de Redação, listaram os principais pontos de atenção a serem observados e deram dicas para um bom desempenho.

Uma das principais recomendações é começar a prova pela elaboração da redação, já que um dos principais desafios é conseguir responder todas as questões dentro das 5 horas e 30 minutos de duração da aplicação da prova. "O tempo é um adversário na prova do Enem, então quando o aluno faz primeiro a redação, que tem um peso muito relevante para media final da prova, ele fica com a consciencia mais tranquila para se concentrar nas questões de linguagens e humanas", sugeriu Secondes.

Além de pontuar a importância de priorizar a redação no primeiro dia de provas do Enem, o professor Thiago Moraes ressalta que o candidato precisa ter domínio das cinco competências avaliadas pelo Inep. “Se o aluno entende como cada competência é cobrada, ele escreve com segurança. A redação é um exercício de planejamento, clareza e domínio da norma culta”, destacou.

Foto: Renato Andrade/Cidadeverde.com

As cinco competências da redação

• Domínio da norma culta

O candidato deve escrever de forma adequada à modalidade formal da língua portuguesa, cuidando de acentuação, ortografia, crase, regência e pontuação. São tolerados até três desvios gramaticais para alcançar a pontuação máxima (200 pontos).

• Compreensão da proposta e repertório sociocultural

É preciso compreender integralmente o tema e aplicar repertórios pertinentes. O professor alerta que referências genéricas, como “utopia” ou “ordem e progresso”, já estão desgastadas e podem reduzir a nota.

• Capacidade de argumentação e autoria

O estudante deve apresentar tese clara, organizar ideias e defender seu ponto de vista com coerência e originalidade. Essa competência avalia a consistência e a autoria do texto.

• Coesão textual

A conexão entre as partes do texto deve ser feita com elementos coesivos adequados, como “de início”, “ademais” e “além disso”. Moraes destaca que repetir termos como “desafios” em excesso pode prejudicar a fluidez e a avaliação.

• Proposta de intervenção

A redação deve incluir medidas para mitigar o problema discutido, e não necessariamente solucioná-lo. A proposta precisa indicar quem fará, o que será feito, como, com qual objetivo e de que forma. O ideal é apresentar duas propostas, uma para cada parágrafo de desenvolvimento.

Dicas de gramática para a prova de Linguagens

O professor Tibério Secondes destacou que a prova objetiva de Linguagens costuma ser dividira em três conteúdos recorrentes:

Variações dialetais: o candidato deve reconhecer as diferenças regionais, sociais, históricas e situacionais da língua. Esse tema costuma aparecer em duas a três questões por edição.

Adequação do registro linguístico: é necessário identificar se o texto está adequado à situação comunicativa — formal ou informal. Esse tipo de questão representa cerca de quatro a cinco itens por prova.

Progressão textual: envolve coesão e coerência. O aluno precisa compreender como as partes do texto se conectam por meio de conjunções, pronomes e repetições estruturais. São, em média, quatro questões por ano sobre o tema.

“O Enem valoriza o aluno que entende a língua como instrumento de comunicação. Saber quando usar um registro formal ou informal é tão importante quanto dominar regras gramaticais”, observou Tibério.

Estratégias argumentativas

Ainda segundo o professor de Gramática, as provas cobram a identificação de estratégias argumentativas e persuasivas, como o uso de autoridade, dados estatísticos, referências históricas e apelos como comoção, choque e sedução.

• Autoridade,
• Dados estatísticos,
• Referências históricas,
• Comoção,
• Intimidação,
• Choque,
• Chantagem e
• Sedução.

“Essas estratégias aparecem em cerca de dez questões por prova. O candidato precisa reconhecer qual recurso o autor usa para convencer o leitor”, explicou.

Revisão final

Para concluir, Moraes recomenda que o estudante simule a redação antes da prova, respeitando o tempo de quatro horas e trinta minutos, e revise os principais tópicos de gramática.

“O treino é o segredo. Quanto mais o aluno pratica, mais natural se torna escrever com coerência, coesão e clareza”, disse.

Já Tibério reforça a importância da revisão das competências 6, 7 e 8 da prova de Linguagens.

“Se o aluno revisar essas habilidades, ele chega muito mais preparado e aumenta as chances de conquistar a tão sonhada aprovação”, afirmou.